Carlos Augusto B. de Andrade
A vivência
com toda as interferências
naturais ou humanas
mostra que não há
novos tempos.
Temos tempos distintos
que ciclicamente
retornam,
transbordam em suas estações.
Primavera florida,
longa, quente
como a paixão contida.
Verão chuvoso,
vasto, abafado,
criminoso.
Outono fresco
ameno, duvidoso,
cheio de arabesco.
Inverno frio,
profundo, hibernante,
delirante.
Tempos não mudam,
são circulares
vem e vão,
respondendo as ações
em seus contextos
factuais.
Os seres que habitam
o tempo mudam,
transitam nele e por ele;
alguns evoluem,
respeitam a vida,
transcendem;
outros em sua inércia
constante,
levam adiante
o gene irredutível,
viral,
corruptível.