Garoa

Carlos Augusto B. de Andrade Ouvir o sussurrar da garoa fluindo na fenestra, leva-nos a outro patamar, diante dessa orquestra. Os olhos cerrados abrem-se para um novo dia, repletos de gozo pela sua companhia. Som sinuoso cheio de candura, do universo glamoroso, de fina tessitura. Levanto, pego a pena, traço um verso delicado, para marcar […]
Baile Palaciano

Carlos Augusto B. Andrade Terpsícuri concita, instiga, impele guerreiros mascarados a bailar nas câmaras palacianas. Absortos, pela lira altissonante, rodopiam sensuais, selvagens, entorpecidos pelo som viciante. Hidromel aos tonéis destila a insensatez, destorce dogmas. A serviço da anfitriã, dançam e cantam, não argumentam, apenas agem.
Haicai II

Carlos Augusto B. Andrade Palmeiras ecoam entre orlas arenosas: bela tarde branda.
Mortalha

Carlos Augusto B. de Andrade Nuvens escuras saltam, vociferam e se tencionam, fazendo surgir o obscuro. No solo, cavernas robustas, fendas na rocha que acolhem medo íntimo, profundo, escancarado pelos olhos cerrados. Incessantes sons desassossegam-se pelas rochas, assoviando o vazio da vida. Silêncio surdo-sonoro, sufoca a mortalha.