Carlos Augusto B. Andrade
Vi esses dias
uma ratazana
usar uma palavra
bacana:
holofote!
Gosta de facho,
luz em cacho,
feito pinheiro
de Natal
com pisca-piscas
de néon.
Estar no centro,
para ser visto,
seguido,
ovacionado,
mesmo enganando
o pobre coitado.
Palavra insana
expõe o bacana,
pois o verbo
põe em movimento
e constrói coesa
coerência
no turbilhão dessa indecência.
Agora, chegou a hora
de dizer não,
basta de trapaça,
chega de vilão.
Palavra vil
não cola,
chega de esmola,
de encantos mil,
ouvi do Ipiranga
o brado retumbante:
cai fora!