Carlos Augusto B. Andrade
Olhando bem de longe
pensei ter avistado
ninho de pássaro,
famoso uiracuité.
Mas lá estava em pé,
de barro e palha,
o ninho do João,
homem que trabalha.
Parecia tudo normal,
pessoas passavam
e nem ligavam,
algumas até desdenhavam.
A pobreza vira moda
sem princípios de igualdade,
numa terra que roda
nesses tempos de modernidade.
Nesse sono profundo,
homem obscuro
caminha sem dar valor
a fome, a pobreza e a dor.
Olhar para o outro
e projetar-se nele
é uma oportunidade
para mudar algo de verdade.
Possibilidades existentes
no aqui e no agora,
pra em futuro mais conscientes,
avistarmos João na sua aurora.