Todo poeta é um desavisado,
não sabe o dia, a hora, o momento
em que o poema brotará.
Esse lance, às vezes,
pode ser um relance
obstinado,
sonho encapsulado,
resgate de memória,
previsão de futuro.
A palavra, fruto
da sua lide,
brota e se enche
de imagens,
dosagens aromáticas,
fertilizadas por sensações,
sentidos que vão
sendo esculpidos
em mármore de rara
Carrara.
O poema fica pronto?
Engano fatídico:
ele precisa ser revestido
de poesia viva
que se dá no encontro
com o leitor atento,
que, na chuva forte
das sensações,
ou no relento,
calmaria profunda,
torna-se essência,
vivência,
experiência.