Todo poeta é um desafiado pelo tempo,
que ignora o dia, a hora, o momento exato
em que o poema, qual broto, surgirá.
Esse instante, por vezes, é um relance obstinado,
um sonho encapsulado,
o resgate de uma memória esquecida
ou a previsão de um futuro que se anuncia.
A palavra,
fruto da sua lide,
germina e se preenche de imagens,
de dosagens aromáticas que são fertilizadas por sensações.
São sentidos que se esculpem, como em mármore de rara Carrara,
ganhando forma e permanência.
Mas, o poema fica pronto?
Engano fatídico!
Ele necessita ser revestido de uma poesia viva,
que se revela no encontro com o leitor atento.
Seja na chuva forte das sensações
ou no relento de uma calmaria profunda,
o leitor se torna essência, vivência, pura experiência.